sábado, 16 de janeiro de 2016
domingo, 10 de janeiro de 2016
A EDUCAÇÃO pede para PASSAR ...
Texto sobre educação: Educação reprovada, por Lya Luft
Há quem diga que sou otimista demais.
Há quem diga que sou pessimista. Talvez eu tente apenas ser uma pessoa
observadora habitante deste planeta, deste país. Uma colunista com temas
repetidos, ah, sim, os que me impactam mais, os que me preocupam mais, às vezes
os que me encantam particularmente. Uma das grandes preocupações de qualquer
ser pensante por aqui é a educação. Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se,
haja teorias e reclamações. Ação? Muito pouca, que eu perceba. Os males
foram-se acumulando de tal jeito que é difícil reorganizar o caos.
Há coisa de trinta anos,
eu ainda professora universitária, recebíamos as primeiras levas de alunos
saídos de escolas enfraquecidas pelas providências negativas: tiraram um ano de
estudo da meninada, tiraram latim, tiraram francês, foram tirando a seriedade,
o trabalho: era a moda do “aprender brincando”. Nada de esforço, punição nem
pensar, portanto recompensas perderam o sentido. Contaram-me recentemente que
em muitas escolas não se deve mais falar em “reprovação, reprovado”, pois isso
pode traumatizar o aluno, marcá-lo desfavoravelmente. Então, por que estudar,
por que lutar, por que tentar?
De todos os modos
facilitamos a vida dos estudantes, deixando-os cada vez mais despreparados para
a vida e o mercado de trabalho. Empresas reclamam da dificuldade de encontrar
mão de obra qualificada, médicos e advogados quase não sabem escrever, alunos
de universidades têm problemas para articular o pensamento, para argumentar,
para escrever o que pensam. São, de certa forma, analfabetos. Aliás, o
analfabetismo devasta este país. Não é alfabetizado quem sabe assinar o nome,
mas quem o sabe assinar embaixo de um texto que leu e entendeu. Portanto, a
porcentagem de alfabetizados é incrivelmente baixa.
Agora sai na imprensa um
relatório alarmante. Metade das crianças brasileiras na terceira série do
elementar não sabe ler nem escrever. Não entende para o que serve a pontuação
num texto. Não sabe ler horas e minutos num relógio, não sabe que centímetro é
uma medida de comprimento. Quase a metade dos mais adiantados escreve mal, lê
mal, quase 60% têm dificuldades graves com números. Grande contingente de
jovens chega às universidades sem saber redigir um texto simples, pois não
sabem pensar, muito menos expressar-se por escrito. Parafraseando um
especialista, estamos produzindo estudantes analfabetos.
Naturalmente, a boa ou
razoável escolarização é muito maior em escolas particulares: professores menos
mal pagos, instalações melhores, algum livro na biblioteca, crianças mais bem
alimentadas e saudáveis – pois o estado não cumpre o seu papel de garantir a
todo cidadão (especialmente a criança) a necessária condição de saúde, moradia
e alimentação.
Faxinar a miséria,
louvável desejo da nossa presidenta, é essencial para nossa dignidade. Faxinar
a ignorância – que é uma outra forma de miséria – exigiria que nos orçamentos
da União e dos estados a educação, como a saúde, tivesse uma posição
privilegiada. Não há dinheiro, dizem. Mas políticos aumentam seus salários de
maneira vergonhosa, a coisa pública gasta nem se sabe direito onde, enquanto
preparamos gerações de ignorantes, criados sem limites, nada lhes é exigido,
devem aprender brincando. Não lhes impuseram a mais elementar disciplina, como
se não soubéssemos que escola, família, a vida sobretudo, se constroem em parte
de erro e acerto, e esforço. Mas, se não podemos reprovar os alunos, se não
temos mesas e cadeiras confortáveis e teto sólido sobre nossa cabeça nas salas
de aula, como exigir aplicação, esforço, disciplina e limites, para o natural
crescimento de cada um?
Cansei de falas
grandiloquentes sobre educação, enquanto não se faz quase nada. Falar já
gastou, já cansou, já desiludiu, já perdeu a graça. Precisamos de atos e fatos,
orçamentos em que educação e saúde (para poder ir a escola, prestar atenção,
estudar, render e crescer) tenham um peso considerável: fora isso, não haverá
solução. A educação brasileira continuará, como agora, escandalosamente
reprovada.
Lya Fett Luft, natural de
Santa Cruz do Sul, é romancista, poetisa, tradutora, professora universitária
e colunista da Revista Veja. Já traduziu para o português mais de cem
livros, entre os quais estão obras de autores como Virginia Woolf, Rainer Maria
Rilke, Hermann Hesse, Doris Lessing,Günter Grass, Botho Strauss e Thomas Mann.
sábado, 9 de janeiro de 2016
Práticas em Educação
Algumas práticas em aula através de projetos e ou sequência didáticas que renderam grandes trabalhos!!!
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